quarta-feira, novembro 28, 2007

E mais um dia rubro vem...

E mais um dia rubro vem...
logo cedo, fustiga o calor pelas sobras dos rígidos prédios.
Trinca telhas, purga nos os tampos das cabeças,
os vidros multiplicam seu alcance, diamantes, pneus e asfalto se fundem.
Ao fundo, reverberam surdos trovões anunciando o inicio do verão,
com seus chocalhos de cascavel, chuvas de fim de ano e mosquitos borrachudos.
Cá em Belo Horizonte, teremos boas chances de praia neste fim de semana.
Ao meio dia, o mormaço estagnado do sol a pino paralisa a vida, o som e as sombras
A luz bestial nos trespaça. Impotentes, digerimos nossas mazelas.
tensionando tudo como corda de violão desafinado.
Bemols, sustenidos e ultra violetas em música silenciosa.
A brisa lambe pela primeira vez, mas sem saliva.
Com medo, nuvens cor de chumbo e suas trovoadas fogem ao largo.
impera o azul mais lindo do mundo, é fim de tarde.
Vem torcendo amaçaneta do dia, escorregando barulhenta pelo buraco da fechadura da porta, a noite.
Estrelas pontilham o breu sem fundo trazendo alívio.
Sua majestade, a lua gorda do fim de novembro. Brinca branca uma luz irreal.
Enfim, o descanço do nosso couro massacrado
Mais tarde, amanhecerá outra vez.
tenham um bom dia!

terça-feira, novembro 06, 2007

1 ano-luz equivale à 9 460 536 207 068 016 metros Esta é minha prece, ela não precisa de sentido.

Ai Nossa Senhora dos edifícios inacabados,
livrai-nos dos andaimes pingentes.
Ai São Chico Buarque, ouça minhas preces.
O que esperar pra descer agora com a Mangueira?
Invade o asfalto, sem medo, sem fadiga, sem fronteira.
Roofando, esmaga-nos, erga-nos!
Suplico sôfrego pela gota d'água.
a que rompe a cisterna e os canos.
Ai meu São Nelson Rodrigues, iluminai!
Meu sanatorinho pra tuberculosos.
Madeira podre, mofo, umidade.
Ai minhas pulgas, meus piolhos, as baratas.
Meus biscoitos cream crackers.
Minha úlcera faminta.
Minhas cobras cascavéis. Górgonas.
Transformem nos em pedra. Pústulas.
Minhas prostitutas dadivosas, meus pucilames ladrões.
Uni-vos. É Urgente! Urgente!
Pulhas de todas as partes,
aleijados como gafanhotos em nuvens. Vem!
Meu São Jean Genet, me leva, me livra. É urgente!
Meus compatriotas cidadãos, às guilhotinas.
Sem perdão, sem inocência. Decaptem-me!
A turba de famintos, miseráveis de todos os cantos, cantem.
Urrem seus nomes pra existir.
Pra não se extinguir na poeira da superfície. Nos odores fulgazes.
Minhas Senhoras, meus senhores, desliguem seus celulares!